Crise no Mundial de Motocross MX2: Kawasaki e Suzuki deixam categoria

A Kawasaki encerra seu programa oficial em 2018 devido a situação econômica. Neste ano tivemos uma quantidade incrível de lesões e também com a perda do apoio da Monster, a Kawasaki teve que dar um passo atrás e deixar a categoria no ano que vem."


A imagem de Petar Petrov deixando a pista de Ottobiano sintetiza a temporada da Kawasaki na MX2


Realmente o time não teve vida fácil em 2017. O búlgaro Petar Petrov, que seria o principal piloto, competiu apenas em quatro etapas e pontuou somente em cinco baterias. O britânico Adam Sterry ficou ausente a partir da sétima etapa, enquanto Stephen Rubini, que também se lesionou ficando de molho por quatro provas, apresentou um desempenho bem abaixo do esperado, com duas nonas posições em baterias como melhores resultados do ano.

No balanço final do ano o time ficou com a 25ª (Sterry), 27ª (Rubini) e 35ª (Petrov) posições. Certamente fora das expectativas de qualquer fabricante.

Com o encerramento da equipe, Luisetti pretende continuar no ramo como agente de pilotos, patrocinadores e consultor, atividade em que já atua junto a um importador de peças e acessórios.

Na MX2 a marca apoiou também o time britânico Monster Energy DRT Kawasaki com Tommy Searle na MXGP e Vsevolod Brylyakov e Darian Sanayei na MX2. O russo Brylyakov correu apenas a primeira metade da temporada, onde chegou entre os dez primeiros em nove bateria. O norte-americano Sanayei foi o piloto mais consistente da marca. Ficou parado "apenas" um mês, período em que perdeu duas etapas, mas completou o ano com uma razoável 11ª posição. Seu ponto alto na temporada aconteceu na Argentina, onde foi quinto colocado geral com 6-4.


Darian Sanayei foi o melhor piloto da Kawasaki MX2 com a 11ªposição final

Sem apoio na MX2, também é incerta a situação do time de Steve Dixon na MXGP (DRT = Dixon Racing Team), que passou os últimos meses organizando o Motocross das Nações, prova que acontece em Matterley Basin, Inglaterra, na virada de setembro para outubro.

Suzuki corre perigo também na MXGP
Embora nada tenha sido declarado oficialmente (ainda), há um certo consenso nos bastidores que a equipe oficial Suzuki deixará de existir na MX2. Hunter Lawrence, que fechou o ano em grande estilo com pódios nos Estados Unidos e Holanda, estaria desempregado.


Mesmo com o vice campeonato na MX2, Stefan Everts está rebolando para tentar manter a equipe pelo menos na MXGP

A situação está tão grave na Suzuki que há o perigo da fábrica se retirar completamente do campeonato, inclusive na categoria principal MXGP. O rumor ganhou força essa semana com os motoristas da equipe distribuindo currículos entre os times concorrentes e até mesmo a equipes de outras modalidades, como motovelocidade. A saída da classe MX2, apesar de ainda não oficializada, é tida como certa.

Stefan Everts estaria se virando nos 30 para conseguir fechar o orçamento e manter o time MXGP com Jeremy Seewer e Arminas Jasikonis, contando com algum apoio semi-oficial da Suzuki. Temos que esperar para ver.

Outros times
Entre os pilotos citados mais acima, o único com moto garantida para 2018 é Vsevolod Brylyakov, que assinou com a Monster Energy Kemea Official Yamaha. Stephen Rubini parece ter conseguido alguma coisa com seu antigo time, a Silver Action KTM, embora, aparentemente, o esforço compreenda apenas as rodadas na Europa, evitando as longas viagens para os outros continentes.

Também preocupa a situação da Honda, que ainda não anunciou seus planos na categoria MX2. Não se sabe se teremos uma esquadra oficial HRC ou pelo menos o apoio a algumas equipes satélites com a nova CRF250F 2018. A HSF Logistics, que tinha um time com três pilotos na MX2, a princípio fechou a equipe para tornar-se patrocinadora da HRC MXGP.

Crise na MX2

O gate pode murchar na classe em 2018

Não é de hoje que os times da categoria têm dificuldades para fechar o orçamento. Além dos custos naturais de operação, há uma alta taxa de inscrição anual - a título de espaço e estrutura no paddock e apoio de mídia - para figurar entre as equipes oficiais do campeonato. A ajuda de custo para as etapas d'além mar é limitada (antigamente os organizadores locais pagavam o transporte para fora da Europa) e o crescimento da quantidade de rodadas tem pesado bastante. Premiação em dinheiro também não existe há mais de uma década, ficando a cargo das equipes a remuneração (quando há...) integral dos pilotos. 

Apesar da série atingir um alcance de mídia maior nos últimos anos, principalmente na televisão as atenções se concentram exageradamente na categoria principal. No Brasil, por exemplo, a Band Sports transmite apenas a MXGP.

A regra limite dos 23 anos também parece ser um fator complicador. Muitas vezes a equipe forma um bom piloto e quando ele se aproxima do ápice de sua carreira é obrigado a subir para a MXGP. Da mesma forma, quando há um jovem prodígio dominante - como aconteceu com Jeffrey Herlings e agora em menor grau com Pauls Jonass - os times concorrentes ficam impedidos de recrutar um piloto mais experiente que possa lhe dar combate.

Chegamos ao final da temporada com pilotos talentosos sobrando e vagas nas equipes faltando. É hora de todos os envolvidos na série discutirem as possibilidades e alternativas para manter a competitividade na categoria. Com poucos times fortes e concorrentes limitados, a tendência é que o interesse pela categoria, fundamental na formação dos pilotos, apenas se enfraqueça.

Já se comentou em mais de uma ocasião que uma das ideias de Giuseppe Luongo seria realizar um campeonato apenas com a classe principal, se espelhando na Fórmula 1. As demais categorias seriam coadjuvantes apenas em algumas etapas, como ocorre hoje com o Mundial Feminino e as categorias do Europeu EMX125, EMX250 e EMX300. Esperamos que isso nunca se concretize.
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Publicado por RAFA

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